Leiria, 4 de Julho de 2006 – Centro hospitalar de S. Francisco
Aqui o West foi avisado na tarde da véspera pela chefia que deveria estar presente no hospital S. Francisco em Leiria. Motivo: efectuar análises, exames e ter uma consulta no âmbito da higiene e segurança no trabalho. Assim fiz. O West lá estava às 09h05. Atrasei-me cinco minutos devido ao estacionamento, nada de grave, apesar de ter dormido muito pouco. Entrei nas instalações e perguntei na recepção onde me deveria dirigir. Chegado ao local retiro a respectiva senha para a inscrição que era por ordem de chegada. E eu que pensava que como estava já definido o dia e a hora, fosse chegar e andar. Pois estava enganado. Só o tempo de espera para efectuar a inscrição foi quase uma hora, e eram apenas 14 os números à minha frente.
Enquanto esperava, estive de pé, sentado, voltei a estar de pé, encostado à parede, voltei a sentar-me. Desta vez sentei-me num cadeirão grená, baixo e almofadado tipo sofá bastante largo. Era o terceiro de uma fila de quatro onde apenas estava ocupado o primeiro. Assim ficou um senhor na ponta, que já lá estava, um vazio, depois eu e outro vazio. Na esquina dessa parede começava outra fila com outros tantos cadeirões iguais, contornando de forma exterior o que parecia ser a caixa central de um vão de escadas ou elevadores. No cadeirão da ponta, o mais próximo de mim, estava sentado um rapaz com a namorada ao colo. Mas que raio fazia ela ao colo do namorado, tendo os outros três cadeirões à sua disposição, até podia deitar-se imaginem. E tudo logo ali à frente de algumas dezenas de pessoas. Falavam, riam, talvez se passasse algo imperceptível ao mais simples e discreto olhar, algo que só eles soubessem, não sei...
O certo é que passados poucos minutos de me ter sentado, apareceu de repente uma velhota na casa dos setenta anos. Dirigiu-se a mim, e juro que tive medo de levar com a mala pela cara, a mala que ela trazia enfiada no braço, tal a abordagem da senhora – Não se importa de chegar-se para o outro banco? - Fiquei atónito, sem reacção, com cara de parvo talvez, de tal forma que logo a senhora justificou o importunio – É que vem aí o meu marido e é para ficar ao meu lado! - Parecia que estava paralisado, foi momentos eu sei, mas na altura pareceu ser uma eternidade, não sei porquê. Lá me levantei e mudei para o cadeirão da ponta, mesmo junto à esquina onde começava a outra fila de cadeirões e onde estava o casalinho encavalitado, deixando o lugar vago para o senhor marido que vinha a ler uma revista qualquer sem dar cavaco a ninguém. Quem ria que se fartava daquela situação, não fazendo o menor esforço para esconder tais gargalhadas era a mocinha no colo do namorado – O amor é lindo... Juntos até ao fim! - Dizia em voz alta. Perante este cenário não pude deixar de sorrir, mas sorrir muito, não só pelo que se tinha passado, como pela figura que a mocinha fazia gozando com os velhotes quando ela própria estava a fazer ainda pior: Eles ao lado um do outro, ela em cima do namorado. E eu no meio daquela cena toda! O namorado ainda perguntou o que se passava, coitado debaixo dela não era capaz de ver um boi – A velha mandou o rapaz sair da cadeira para o homem se sentar, ah ah ah! Querem ficar juntos até ao fim! - e eu a sorrir, ela pensando que era só por causa dessa situação quando ria sim de tudo, ela incluída.
Ah... os exames? Estava tudo bem. - Continuação de uma óptima saúde! - Desejou-me a médica. Curtir a vida e rir é o melhor remédio , diria eu !!!